quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Capítulo Dois - Saudades de casa



Já fazia mais de meia hora que eu estava naquela banheira. A água quente relaxava todos os meus nervos e era uma sensação tão boa que me impedia de pensar. Afugentava todos os traços de raiva que pudesse me fazer pirar, porém eu ainda queria chocolate. Mesmo no estado de paz que eu estava, eu não conseguia me conformar com a perda da melhor oportunidade da minha vida. Eu sabia que quando saísse desse estado "vegetativo" eu xingaria tanto Greg que - além de fazê-lo desejar nunca ter nascido - esgotaria meu dicionário de palavrões em inglês e também em alemão. 
Abri o chuveiro e passei uma água no corpo, me enrolando em meu roupão cor de rosa - um dos últimos traços de uma Lavinia antiga - e fui para o quarto. Joguei-me na cama e fiquei encarando o teto.
A carta de minha mãe - fechada, sob a mesa de centro da sala - só fez aumentar a saudade. O mau humor de meu pai, sempre sério e rabugento; o carinho de minha mãe, tão atenciosa e compreensiva; e o auto astral de minha irmã, dois anos mais velha, contudo sua mente é a de uma adolescente de quinze anos.
Morei com meus pais em Colônia, Alemanha, até os vinte anos. Depois que terminei a escola não quis ir para a faculdade, nem sair de perto deles, como fez minha irmã.
Desde pequena eu gostava de fotografar. Aos onze anos ganhei minha primeira câmera fotográfica, sendo assim logo entrei para o jornal da escola, ficando por lá até meus dezessete anos - um ano antes de me formar no Ensino Médio. Assim que sai do jornal, ocupava meu novo tempo livre fotografando festas - nas quais sempre achei algum famoso - e eventualmente vendendo as fotos - por pressão de meu pai. Até que, dois anos depois, uma revista contatou meus serviços. Mudei-me para Berlim - capital da Alemanha - por conta do emprego e em menos de um ano recebi uma oferta de emprego de uma revista grande, a Bass, cujos trabalhos são feitos, em sua maioria, aqui, em Hollywood, Los Angeles, Califórnia.
Vim feliz por tudo de bom que havia me acontecido, mas também triste por conta de me mudar da Alemanha, o meu país, a minha terra, o meu lugar. Mesmo estando a um ano aqui, não consigo me acostumar. Parece até que odeio mais a cada minuto. A única coisa que me faz continuar aqui é... Bem, para falar a verdade não tenho motivo nenhum para continuar aqui, nesse lugar quente e feliz.
Chegada a essa conclusão, me levantei da cama, indo até o closet. Peguei um conjunto simples de lingerie e vesti, colocando um vestido longo por cima, e fui para a sala.
A ideia - que nunca me ocorrera antes - martelava em minha cabeça. Eu já podia sentir o vento frio em meu rosto, o cheiro de biscoitos de mel de minha mãe, ouvir o bater da chuva de verão na janela de meu quarto. Mesmo tão longe, eu já sentia o prazer que sentiria quando chegasse em casa.
Fiz um lanche rápido - sanduiche natural com leite gelado - e sai, sem pegar as chaves do carro.
Andei duas quadras e então atravessei a avenida que separava a civilização urbana moderna da simplicidade - quer dizer, as patricinhas não são nada simples - praiana. Acabei por me dar conta de que sentiria falta daquilo, porém a falta do meu habitat natural nem poderia ser comparado. A tranquilidade do frio, da cultura antiga e dos sabores sobrepõe qualquer outra coisa, principalmente a agitação em um lugar que não gosto.
Sentei-me na areia para ver o por do sol, tão lindo e ao mesmo tempo solitário.
Será que eu realmente queria isso quando vim para cá? Eu devo ter achado que as coisas seriam diferentes ou não tinha pensado nisso? Uma série de perguntas repentinas me pegou desprevenida em meu estranho esquecimento. Parecia que toda a correria do dia a dia tinha decididamente apagado tudo o que eu sabia sobre o que eu supostamente queria para minha vida, e agora que eu me dava conta disso, uma pergunta surge e se sacode, chamando muito mais atenção do que as outras, em minha cabeça: Será que não era exatamente isso que eu queria? Fugir de tudo, para um lugar qualquer?
Não, não podia ser. Eu me conhecia bem, não conhecia? Eu amava todo o meu passado, toda a minha história. Sim, eu ainda amo, e talvez até mais do que antes. Essas perguntas não têm a menor lógica agora. Sou uma mulher feita, vinte e dois anos na bagagem. Sei das minhas escolhas, como sei que não posso abandonar tudo agora. Tenho um trabalho a fazer, compromissos a cumprir, famosos a seguir.
Pego meu celular e, em menos de dois toques, Greg atende.

- Olá - digo assim que ele atende.
- Oi, Lavinia. Qual o problema? - ele parecia ocupado então fui breve.
- Será que podemos conversar? - perguntei
- Sim, mas acho melhor você vir aqui. - um barulho de porta se abrindo e alguém conversando fez-se ouvir. Ele respondeu e voltou se para mim. - O que é?
- An, prefiro falar em pessoa. Já chego ai.
- Ok.

Finalizei a chamada e voltei para o apartamento para pegar o carro. Em menos de quarenta minutos estava estacionando na minha vaga na Revista.
Bati na porta da sala de Greg e entrei após escutar seu "Olá Lavinia" de sempre.

- E então? - ele parece calmo. Nem espera a notícia que vai ouvir.
- Vim pedir demissão.

Ficamos em silêncio. Seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu e fechou, provavelmente desistindo de falar no último segundo.

- Se é por conta do U2, Lavinia, por fav... - ele começou, mas ergui o dedo indicador pedindo que parasse.
- Não, não é por isso. Eu apenas pensei e repensei, chegando a conclusão de que quero voltar para casa.

Olhamos-nos por um momento e então Greg suspirou.

- Ok... Vou procurar alguém para te cobrir com o Tokio Hotel esse fim de semana. - Ele falou.
- An, Greg. Se não se importa, eu gostaria de ficar com eles.
- Obrigado.

Greg sorriu. Fiquei feliz ao saber que, mesmo à beira do precipício emocional, eu ainda consigo fazer uma pessoa feliz.

17 comentários:

  1. Own, Webnovela :)

    garotas100teen.blogspot.com
    Seguindo, segue de volta?!

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  2. Oi, estou fazendo um intercâmbio nos Estados Unidos e fiz um blog contando minhas experiencias e dando dicas para futuros intercambistas, da uma olhada: http://queridointercambio.blogspot.com/ Beijos!

    estou te seguindo, se puder seguir de volta..

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  3. Po, você escreve bem, guria! Gostei da parte das patricinhas HUAHAUHA. Lembro que tinha uma época em que eu vivia lendo webnovelas *-*
    Postei alguns efeitos de Photoshop lá no blog! :D
    Beijo <3
    http://www.quasedescolada.com

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  4. Caraca, es estou acompanhando os capitulos , garota você nao erra nada é tem criatividade! kk' desculpa por te chamar de garota, seguindo, participa do comcurso lá no meu blog? agradeço!
    http://mundodemeninasteen.blogspot.com/2012/01/concurso-o-blog-mais-divo-de-2012.html#comment-form

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  5. Olá mt lindo aqe
    estou seguindo
    se quiser da uma passadinha no meu
    http://mifeernanda.blogspot.com/

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  6. Oii td joia ? Nossa adoreii seu blog eh mt fofo *^*
    ja to seguindo, segue la de volta ?
    bjkas
    GABI

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  7. CARALHO SUA HISTORIA ESTA MUITO LINDA MEEEL rs'
    bem amr estou seguindo seu blog e amei ele muito de verdade
    se poder fazer o mesmo seguindo e comentando no meu ...
    Beijos e Sonhos Doce
    ----------------------------------------------------------------
    chuvaadenovembro.blogspot.com

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  8. Poxa sua história é linda! Você é muito criativa, oloko.


    Garota Fashion

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  9. Amei, acabei de começar a seguir o blog
    e vou acompanhar com certeza
    Bjo e boa tarde

    minhamaniaa.blogspot.com.br

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  10. Adorei, principalmente o roupão rosa...rsrs
    Você escreve muito bem...vou ler o capítulo um.
    beijos, Julyana.

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  11. Muito bom o texto, bem criativo, parabéns!

    beijos e bom fim de semana!

    http://quesejapink.blogspot.com.br/

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  12. Muito bom o texto. Parabéns. Viajei na história.
    cronicasdeumlunatico.blogspot.com.br

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  13. Escreve super bem, muito mesmo. de parabéns. Até mais.
    http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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  14. olá :)

    belo texto! xx

    cabecanasnuvensz.blogspot.com.br

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  15. Oi! Legal a narrativa! Certamente Greg tem motivos para ser feliz... A sempre a possibilidade de escolher o caminho das levezas. Toma-se qual deseja. Beijo, linda Miss Suicida, que ressuscita com a vida. Com tempo, diga algo sobre Valentina no meu http://jefhcardoso.blogspot.com Ficarei grato. Abraço do blogueiro!

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  16. poxa como vc escreve bem! gostie de colocar alguem da alemnaha, uma realidade tao diferente de nos brasileiros! super legal!
    bjs

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